CONTRA os Círculos Uninominais!!!
O principal argumento a favor dos Círculos Uninominais é que eles "aproximam Eleitos de Eleitores".
É FALSO!!!
Ponto prévio:
Conheço dois estudos-propostas de Círculos Uninominais, um de António Costa em 1998 e outro de Rui Oliveira e Costa em 2009.
Se qualquer uma destas propostas tivesse sido implementada, nas eleições de 2015 Passos Coelho (ou melhor, a coligação PAF) teria tido MAIORIA ABSOLUTA e nas eleições de 2019 o PS teria também tido MAIORIA ABSOLUTA.
Se qualquer uma destas propostas tivesse sido implementada, nesses Círculos Uninominais, só teriam sido eleitos candidatos do PS ou do PSD (PAF em 2015).
Argumento nº 1
Em eleições legislativas, os Círculos Uninominais distorcem fortemente a opinião dos eleitores.
Argumento nº 2
Em eleições legislativas, o eleitor vota mais em ideias do que em pessoas.
Argumento nº 3
Em eleições legislativas, o eleitor vota na mesma corrente de opinião independentemente do seu local de recenseamento.
Argumento nº 4
Em eleições legislativas, se houver um Círculo Uninominal, o deputado eleito, em geral, não é o escolhido por uma larga maioria do eleitorado desse Círculo.
Desenvolvimento de cada um destes quatro argumentos:
Argumento nº 1
Em eleições legislativas, os Círculos Uninominais distorcem fortemente a opinião dos eleitores.
Num Círculo Uninominal é eleito um único candidato que os eleitores sabem, quer pelas sondagens, quer pelos resultados anteriores, que será eleito o candidato apoiado pelo PSD ou o candidato apoiado pelo PS.
Assim, todos os eleitores, que não se revêem num desses candidatos, são obrigados, são forçados a distorcer a sua votação escolhendo o "mal menor".
Se não o fizerem, esses votos serão claramente inúteis.
Argumento nº 2
Em eleições legislativas, o eleitor vota mais em ideias do que em pessoas.
Em eleições legislativas, o eleitor escolhe a corrente de opinião que mais se aproxima das suas convicções.
As diferentes correntes de opinião têm como referência principal o seu líder no momento da eleição.
Note-se a brutal contradição em que caem os defensores dos Círculos Uninominais quando afirmam que as eleições legislativas são para escolher o primeiro-ministro.
Argumento nº 3
Em eleições legislativas, o eleitor vota na mesma corrente opinião independentemente do seu local de recenseamento.
Por exemplo, um eleitor do PS (com referência a António Costa), nas eleições de 2019, teria votado no PS quer residisse em Lisboa, Faro ou Bragança, independentemente dos deputados locais, quer do Círculo Distrital, quer do Círculo Uninominal (se houvesse).
Mesmo que houvesse "voto duplo", muito dificilmente, o eleitor deste exemplo, votaria num candidato local doutra orientação ideológica, por exemplo, do PSD, pois dificilmente teriam pontos de vista análogos em matéria de política nacional e esse deputado local teria certamente disciplina de voto em muitas votações, como aconteceu, por exemplo, na votação para terminar os debates quinzenais, o que traíria as suas ideias em matérias muito relevantes.
Mesmo que houvesse "voto duplo", o eleitor tem tendência a votar na mesma corrente de opinião, o que pode não acontecer (e não acontece) quando se trata de política local (veja-se a diferença de votação no PCP das autárquicas para as legislativas).
Argumento nº 4
Em eleições legislativas, se houver um Círculo Uninominal, o deputado eleito, em geral, não é o escolhido por uma larga maioria do eleitorado desse Círculo.
Suponhamos, por exemplo, que em 2015 a freguesia de Silves, no Algarve, teria constituído um Círculo Uninominal.
A votação (números redondos) foi:
PS: 30%; PAF: 25%; PCP: 17%; BE: 15%; Outros: 13%
A larga maioria, cerca de 70%, mais de 2/3 dos eleitores desse Círculo não se reveriam no deputado eleito.
Além disso, a ação desse deputado nunca deveria ser de defesa dos interesses da freguesia de Silves (para isso são eleitas as Juntas de Freguesia) mas antes para tratar de assuntos de interesse nacional.
Mesmo que neste sistema houvesse 2ª volta, o deputado eleito, sê-lo-ia com votos de "mal menor", pelo que esses eleitores não iriam considerá-lo "o seu deputado".